sexta-feira, 3 de abril de 2009

Oxossi

Oxóssi, do iorubá Òsóòsì, é um orixá da caça e da fartura, identificado no jogo do merindilogun pelo odu obará e representado nos terreiros de candomblé pelo igba oxóssi.

Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.

Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.

Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião.

Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde, na umbanda e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.

Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".

Come tudo quanto é caça e o dia a ele consagrado é quinta-feira.

No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.

Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo.

A curiosidade e a observação são características das pessoas consideradas filhas de Oxóssi, orixá também da alegria, da expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido.

Oxóssi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica.

Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão-de-cada dia, a alimentação da tribo costumeiramente cabe aos caçadores.

Por suas ligações com a floresta, pede-se a cura para determinadas doenças e, por seu perfil guerreiro, proteção espiritual e material.

Qualidade de Oxóssi:

Òdé
Otin
Òdéarólé
Akeran
Ajayipapo
Danadana
Apáòka
Inlè
Irinlè
Ibualama
Isambu
Karele

Sete folhas mais usadas para Oxóssi

Ewê odé
Akoko
Odé akoxu
Etítáré
Iteté
Igbá ajá
Bujê


Sincretismo

No Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, patrono da capital carioca e, na Bahia, com São Jorge.

Em Salvador, no dia de Corpus Christi é realizada uma missa, chamada de Missa de Oxossi com a participação das Iyalorixás do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho.

Oxóssi, na Umbanda é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião. No Candomblé brasileiro é um antepassado africano divinizado, filho de Yemanjá, protetor das matas, sincretizado com São Sebastião no Rio de Janeiro e São Jorge na Bahia. Diz o mito que Oxóssi era irmão de Omulu-Obaluayê e rei da cidade de Oyó, cidade da África sudanesa, de onde provém os povos nagô ( keto, ijexá e oyó) e mina-jeje.

Oxóssi

Oxóssi é o caçador por excelência, mas sua busca visa o conhecimento. Logo, é o cientista e o doutrinador, que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados tanto nos aspectos da fé quanto do saber religioso.

O Orixá Oxóssi é tão conhecido que quase dispensa um comentário. Mas não podemos deixar de fazê-lo, pois falta o conhecimento superior que explica o campo de atuação das hierarquias deste Orixá regente do pólo positivo da linha do Conhecimento.

O fato é que o Trono do Conhecimento é uma divindade assentada na Coroa Divina, é uma individualização do Trono das Sete Encruzilhadas e em sua irradiação cria os dois pólos magnéticos da linha do Conhecimento. O Orixá Oxóssi rege o pólo positivo e a Orixá Obá rege o pólo negativo. Oxóssi forma com Obá a terceira linha de Umbanda Sagrada, que rege sobre o Conhecimento.

Oxóssi irradia o conhecimento e Obá o concentra.

Oxóssi estimula e Obá anula.

Oxóssi vibra conhecimento e Obá absorve as irradiações desordenadas dos seres regidos pelos mistérios do Conhecimento.

Oxóssi é vegetal e Obá é telúrica.

Oxóssi é de magnetismo irradiante e Obá é de magnetismo absorvente.

Oxóssi está nos vegetais e Obá está em sua raiz, como a terra fértil onde eles crescem e se multiplicam.

Oxóssi é o raciocínio arguto e Obá é o racional concentrador.

Oxóssi é a busca, é a procura, é a curiosidade, é o movimento contínuo na evolução dos seres na apresentação de novos conhecimentos, de novos horizontes, etc.

Simbolicamente representamos Oxóssi com sete setas, que são as sete buscas contínuas do ser.Oxóssi expande, irradia e impele os seres.

Oferenda ao Pai Oxóssi:

Velas brancas, verdes e rosa; cerveja, vinho doce e licor de caju; flores do campo e frutas variadas, tudo depositado em bosques e matas.

Os Caboclos, na Umbanda, são entidades que se apresentam como indígenas e incorporam no Candomblé de Caboclo.

As entidades denominadas de Caboclos que apresentam-se nos terreiros de Umbanda são espíritos com um grau espiritual muito elevado, existem diversas linhas de atuação que um caboclo pode se apresentar diante seu médium. Linha refire-se as essências da hierarquia de DEUS, os Sagrados Orixás. Se muito evoluidos diante os ditames de DEUS, em sua prática efetiva da benevolência Divina, podem, inclusive, atuar sob a outorga de mais de um Orixá Essêncial, ou seja, apresentando-se como um Caboclo de Oxóssi, Ogum e Xangô ao mesmo tempo, atuante nas três vibrações ou mais.

Na Umbanda a linha de Caboclo e a linha de Preto Velho, são as únicas fundamentalmente capacitadas, diante seu grau de evolução, apresentar-se como mentores de um médium, ou seja, são as únicas entidades que podem responder diretamente ao (Orixá de Cabeça) de um médium, sem desequilibrar a vida disciplinar dele.

O Caboclo acessa um Exú, mesmo Exú de Lei, se não acessa é devido seu grau de ascensão espiritual, em todas as linhas de Umbanda, os caboclos são hierarquicamente organizados, existindo chefes de falange e subordinados, são muito espertos e rápidos quando o assunto é doença e para a cura com ervas, pois conhecem profundamente muitos tipos de folha sagrada, sabem para que elas servem e como devem ser usadas, tornando-se uma gira que traz muita bondade, paz, tranquilidade e principalmente amor.

Alguns caboclos na Umbanda
Cabocla Araci
Cabocla Brava Cabocla
Cabocla Caçadora
Cabocla Diana da Mata
Cabocla Estrela de Cristal
Cabocla Guaraciara
Cabocla Indaiá
Cabocla Iracema Flecheira
Cabocla Itapotira
Cabocla Jacira
Cabocla Jandira
Cabocla Jandira Flecheira
Cabocla Jarina
Cabocla Jupiara
Cabocla Jupira
Cabocla Jurema
Cabocla Jurema do Rio
Cabocla Jurema Flecheira
Cabocla Juremera
Cabocla Jussara
Cabocla Mariana
Caboclinha da Mata
Caboclo Águia azul
Caboclo Águia Branca
Caboclo Águia da Mata
Caboclo Aimoré Caboclo
Caboclo Arapongas
Caboclo Araraguara
Caboclo Araribóia
Caboclo Araúna
Caboclo Arranca Toco
Caboclo Arruda
Caboclo Beira Mar
Caboclo Boiadeiro
Caboclo Bororó
Caboclo Brogotá
Caboclo Caçador
Caboclo Caramuru
Caboclo Carijó
Caboclo Catumbi
Caboclo Cipó
Caboclo Cobra Coral
Caboclo Coração da Mata
Caboclo Corisco
Caboclo da Mata
Caboclo do Fogo
Caboclo do Oriente
Caboclo do Sol
Caboclo do Vento
Caboclo Estrela
Caboclo Flecha Dourada
Caboclo Flecha Ligeira
Caboclo Flecheiro
Caboclo Gira Mundo
Caboclo Girassol
Caboclo Guaraci
Caboclo Guarani
Caboclo Humaitá
Caboclo Iara
Caboclo Inca
Caboclo Jibóia
Caboclo João da Mata
Caboclo Junco Verde
Caboclo Jurema da Mata
Caboclo Jurema do Mar
Caboclo Juremero
Caboclo Laçador
Caboclo Lage Grande
Caboclo Lírio Verde
Caboclo Lua
Caboclo Marajó
Caboclo Mata Virgem
Caboclo Olho de Lobo
Caboclo Oxósse da Mata
Caboclo Pajé
Caboclo Pantera Negra
Caboclo Pedra Branca
Caboclo Pedra Preta
Caboclo Pele Vermelha
Caboclo Pena Azul
Caboclo Pena Branca
Caboclo Pena Branca
Caboclo Pena Branca Cacique
Caboclo Pena Dourada
Caboclo Pena Preta
Caboclo Pena Roxa
Caboclo Pena Verde
Caboclo Pena Vermelha
Caboclo Peri
Caboclo Poti
Caboclo Quebra Demanda
Caboclo Quebra Galho
Caboclo Rei da Mata
Caboclo Rompe Folha
Caboclo Rompe Mato
Caboclo Roxo
Caboclo Serra Negra
Caboclo Sete Cachoeiras
Caboclo Sete Cobras
Caboclo Sete Demandas
Caboclo Sete Encruzilhadas
Caboclo Sete Estrelas
Caboclo Sete Flechas
Caboclo Sete Folhas Verdes
Caboclo Sete Montanhas
Caboclo Sete Pedreiras
Caboclo Sultão da Mata
Caboclo Tapindaré
Caboclo Tibiriçá
Caboclo Tira Teima
Caboclo Treme Terra
Caboclo Tupã
Caboclo Tupi
Caboclo Tupi Guarani
Caboclo Tupinambá
Caboclo Tupiniquim
Caboclo Ubirajara Flecheiro
Caboclo Ubirajara Peito de Aço
Caboclo Ubiratan
Caboclo Umuarama
Caboclo Urubatan
Caboclo Vence Tudo
Caboclo Ventania
Caboclo Vigia das Matas
Caboclo Vira Mundo
Cacique Samambaia


Candomblé de Caboclo é todo candomblé que além do culto aos Orixás, Voduns ou Nkisis, cultua também espíritos ameríndios chamados de entidades, catiços ou caboclos boiadeiros, gentileiros. Inicialmente na Bahia os Candomblés não tradicionais, eram na maioria caboclos, que é um misto de Keto, Jeje e Angola.

O caboclo exerce um papel fundamental no relacionamento da comunidade afro brasileira, pois fala o idioma português, "mesmo com erros grotescos", papel que os orixás só fazem no idioma africano, chamado Yoruba, assim conquistando a popularidade dos crentes, que não entendem ou fala a língua dos orixás. São encarregados de trazer mensagens dos seus ancestrais, principalmente de entes queridos desencarnados há pouco tempo, aconselha os desesperados, indicando sempre um novo caminho, indica banhos de folha sagrada e pequenas oferendas para resoluções dos seus problemas.

As oferendas de caboclo são fartas e variadas, constituída de uma grande variedade de frutas, legumes, raízes e até mesmo doces. Um elemento indispensável é a abóbora girimum, que são recheadas com fumo de rolo e mel de abelha, oferenda de galos, carneiros, peru e qualquer pássaro, são bem vindos e apreciados. A jurema é a bebida sagrada, considerada o néctar dos deuses e disputada não só pelas entidades, mas por todos os presentes.

Além dos caboclos, incorporam com espíritos que se denominam Exu (masculino) e Pombajira (feminino), mas não é o Exú Orixá do Candomblé, são bem diferentes, são denominados Exú de Umbanda.

É sempre bom lembrar que Exu catiço ou Exú de Umbanda (como é chamado o Exu não Orixá), Pombagira e afins não são do Candomblé de casas tradicionais. O que existe são zeladores (Babalorixás) que tiveram passagem pelo Candomblé de Caboclo ou pela Umbanda e depois se iniciaram no Candomblé, trazendo consigo algumas entidades da Umbanda, mas isto não as tornam do Candomblé, elas (entidades) estão em casas de Candomblé ou Candomblé de Caboclo, mas são Guias da Umbanda.

No Candomblé de caboclo as entidades recebem nomes um pouco diferente da Umbanda. Além dos caboclos de pena, que usam penachos como os da Umbanda, normalmente usam um chapéu de couro.

Caboclo Sultão das Matas
Caboclo Eirú ou Erú
Caboclo Gentileiro
Caboclo Laje Grande
Caboclo pedra preta de Joãozinho da Goméia

Nenhum comentário:

Postar um comentário