sexta-feira, 3 de abril de 2009

Quimbanda

A Quimbanda, também conhecida popularmente como macumba, quimbanda (ou kimbanda) nunca deve ser confundida com a Kiumbanda (magia negra), pois está presente na Umbanda desde a sua fundação pelo médium Zélio Fernandino de Morais, já que o mesmo admitiu ter um Exu como guia por ordens de seus guias.

A Quimbanda[1]é onde atuam os Exus e Pomba-Giras (também chamados de "Povo de Rua", eles fazem uso de forças negativas (isso não significa malignas), muitas vezes estão presentes em lugares onde possa ter Kiumbas (obsessores-seres malignos), em portas de templos religiosos de qualquer espécie, cemitérios , encruzilhadas, ruas e estradas.

São os responsáveis pela segurança das pessoas, eles te ajudam a se proteger de espíritos obsessores, mas você também deve fazer sua parte, evitando desequilíbrio emocional, excesso de bebidas alcóolicas.

Ao contrário do que muitos pensam, na Quimbanda não é feito entregas (oferendas) com animais, sangue ou qualquer coisa do gênero, já que ao ser feita uma entrega com carne ou sangue a oferenda é cercada por kiumbas. Uma entrega para um Exu contém farofa de milho, cebola e pimenta (basicamente), podendo conter outras ervas e temperos, além de alguma bebida que geralmente é cachaça, uísque ou conhaque.

Numa consulta com um Exu costuma-se ouvir, por vezes, palavrões e gargalhadas já que esse é o modo deles trabalharem, com uma voz característica. Portanto, é fácil a percepção de de uma incorporação de um Exu num terreiro.

Isso no entanto pode ocorrer em terreiros menos evoluídos, onde os médiuns não possuem muita evolução espiritual, já em um terreiro sério em que há o sério trabalho de guardiões, existe a proteção contra espíritos malfeitores, obsessores e zombeteiros.

Os Exus executam sua função de forma séria e objetiva sem muitos rodeios pois estão em busca também da sua evolução. Daí, quanto maior a ajuda aos consulentes, mais eles evoluem também.

Cuidam geralmente de casos relacionados a situações finaceiras, saúde, emprego, e o afastamento de obsessores do passado que teimam em obsediar suas vitímas encarnadas, fazendo com que aceitem as realidades da vida espiritual. Os trabalhos feitos contra essas vitímas são analizados e geralmente resolvidos.

Buscam em comum a sua evolução espiritual, melhorando seu carma e pagando as divídas do passado. Os Exus são soldados prontos a nos proteger e assegurar que espíritos malfeitores não nos façam mal. Para eles não existe o bem ou o mal e sim somente a execução das leis divinas.

Em terras bantas, muito antes de chegada do branco, já existia o culto aos ancestrais (chamados depois no Brasil "guias"). Também era conhecida a palavra "mbanda" (umbanda) significando "a arte de curar" ou "o culto pelo qual o sacerdote curava", sendo que mbanda quer dizer "O Além - onde moram os espíritos". Os sacerdotes da umbanda eram conhecidos como "kimbandas" (ki-mbanda = comunicador com o Além).

Quando chegam os portugueses e têm contato com os reinos bantos, procuram comerciar com eles de um jeito pacífico. Mais tarde, o Rei do Kongo (manikongo) descendente do primeiro ancestral kongo divinizado o “Tatá Akongo” converte-se ao catolicismo, também fazem o mesmo todos os seus vassalos. Pôde-se apreciar então, que os negros bantos eram evangelizados ainda na África, por vontade própria, fazendo eles mesmos, em sua terra, sincretismos entre Santos e Nkisis.

Porém, uma parte banta não aceitou, nem adotou a evangelização, então tramaram uma revolução contra do rei do Congo para se mostrarem opostos ao homem branco e os Santos, começaram a dizer que eram do Diabo. Esses povos bantos eram os Bagandas, Balundas e Balubas.

Depois de um tempo os Bagandas em revolta conquistaram a região de Angola e logo após quase todo o reino congo (que era formado por vários reinos vassalos). Um dos reis Bagandas foi Ngola Mbandi, de onde provém o nome de Angola. Esses revolucionários estavam apoiados pelos grandes feiticeiros e guardiões das tradições bantas. Sua bandeira era formada pelas cores da tribo dominante: vermelho e preto (muito depois seriam as cores de Angola). Os Luba-Lunda, que ajudavam na guerra em contra os brancos e os reinos congos evangelizados usavam na bandeira as cores vermelha, preta e branca.

Devemos também dizer que depois de muito tempo de paz entre portugueses e congos, um dos descendentes do Rei do Congo para não perder o reino, decidiu se unir ao pensamento das outras tribos, pegando novamente seu nome africano e declarando a guerra contra os portugueses, aliando-se com o resto dos povos bantos.

Os portugueses por seu lado, levaram-se milhares de escravos bantos para o Brasil, e entre eles se encontravam partidários dos dois grupos bantos: os evangelizados e os defensores das tradições. Este último grupo, já no Brasil, continuou em estado de revolta, contrário a tudo que vinha do branco, e também em parte "inimigo" dos escravos feiticeiros que sincretizavam os Nkisis com os Santos.

NO BRASIL
No período da escravidão, os bantos dos dois grupos (revolucionários e evangelizados) fazem contato com os grupos tupi-guaranis, sendo que também entre os índios, havia dois grupos com afinidade aos grupos bantos: índios bruxos que não aceitavam os santos (se identificando com o diabo) e os índios evangelizados que gostavam da idéia do sincretismo dos santos. Esses grupos se uniram para fazer suas magias em separado, quer dizer, os negros bantos contrários ao branco e aos santos com os índios bruxos; e os negros bantos evangelizados com os índios evangelizados.

Daí o surgimento de duas correntes paralelas e opostas que seriam conhecidas no Brasil como Umbanda - o culto dos caboclos e pretos evangelizados; e a Quimbanda - o culto dos caboclos e pretos que não aceitaram viver em baixo do pé do Deus dos brancos, se aliando ao Diabo (inimigo do branco) e com Exu (aquele que também era olhado como um demônio).

Aliás, temos dizer que, com o passar do tempo, quando morrem os escravos dos dois grupos, estes são chamados e incorporados através de transe por seus descendentes, a princípio na Macumba e logo depois na Umbanda . Porém, os espíritos chegavam todos num mesmo terreiro sem tanta diferenciação e até confundindo os grupos. O que os descendentes de escravos menos queriam era de serem chamados de satanistas ou macumbeiros, por isso colocaram aos grupos revoltosos em baixo do pé dos grupos evangelizados e a Kimbanda ficou sendo uma sub-linha da Umbanda. Porém os próprios Espíritos se encarregaram de fazer a separação e hoje em dia podemos dizer sem dúvida que existem duas religiões paralelas e diferentes: a Umbanda - aonde chegam os Espíritos Guias dos Pretos e Caboclos evangelizados, vestidos de branco, humildes, que acreditam nos santos e os orixás, onde não se fazem sacrifícios de animais, que não fazem o mal, etc, e a Kimbanda - aonde chegam os Espíritos Guias dos Pretos e Caboclos que trabalham para bem ou mal, com sacrifícios de animais, luxo, orgulho, revolução e que não acreditam nos Santos da Igreja, defensores de tudo o que seja africanismo, e aceitam os Orixás e Nkisis.

Cabe dizer, que os seguidores dos distintos ramos da umbanda, adotam e adaptam as duas linhas (umbanda-kimbanda) segundo os preceitos e as influências majoritárias da sua Casa de Religião. Por exemplo, aqueles que fazem Umbanda Branca (sem sangue) colocam a kimbanda em baixo da mesma e continuam sem praticar sacrifícios de sangue para os Exus. Aqueles que fazem culto aos Orixás iorubás e também praticam a Umbanda, dadas às influências iorubanas, olham na Umbanda como na Kimbanda um culto aos ancestrais (ou Linha de Almas) submetidos aos Orixás, fazendo para os ancestrais rituais de sacrifícios (princípio fundamental dessa cultura).

Hoje em dia podemos dizer que a Kimbanda se libertou da Umbanda, existindo um culto separado só para Exu da Kimbanda e fora do contexto umbandista.

Quimbanda, ou as "linhas de esquerda" (II)
Nunca se deve confundir o orixá com as entidades que integram sua Linha de Força.

A questão mais polêmica, sem sombra de dúvida, cerca o orixá Exu. Ele é uma força da natureza, imaterial e incorpóreo, como os demais orixás.

Dentro da Umbanda, a Hierarquia deste orixá denomina-se Quimbanda, recebendo ainda os nomes de Banda dos Exus e Falange dos Exus.

Na Umbanda, entende-se que este orixá e as entidades que fazem parte de sua falange atuam "à esquerda". Isso, porém, não significa que sejam de agentes do Mal!

Simplesmente, o orixá Exu - que erroneamente tem sido associado às forças diabólicas do ideário cristão - é uma força complementar às Linhas da Direita. Do mesmo modo que homem e mulher são opostos-complementares, e que tudo no Universo interage e se interpenetra, também as forças da "Direita" e da "Esquerda" se unem e se completam.

As entidades que constituem a Quimbanda são denominadas Exus, Pombas-giras e Exus-mirins. Têm missão cármica definida e trabalham no sentido de evoluir no plano espiritual, exatamente como os integrantes de todas as outras falanges.

Os Exus são responsáveis pelos trabalhos de proteção, além de terem energia vitalizadora e promoverem a desagregação de energias maléficas. Existe ainda um outro papel, muito delicado, que cabe aos integrantes desta hierarquia: é o de liberar o consciente e o inconsciente do fiel que estiver se preparando para desenvolver um trabalho mais ativo no terreiro. As entidades de Quimbanda podem trazer à tona os traumas e os segredos reprimidos - conscientemente ou não - pelo "filho de fé".

Sendo assim, pode acontecer de os "cavalos" que estejam incorporando essas entidades de Esquerda usarem linguajar torpe ou adotarem comportamentos duvidosos. Nestes casos, deve-se entender que aquele não é o procedimento da entidade em si - na verdade, pode tratar-se de uma "faxina" no inconsciente do próprio médium.

É bom ressaltar, porém, que a natureza complexa da missão confiada aos espíritos da Quimbanda os torna bem mais difíceis do que as demais entidades. Sendo assim, é necessário ter muito CONHECIMENTO e, principalmente, DISCERNIMENTO, para lidar com essas forças.

A Quimbanda ou Kimbanda não é simplesmente mais uma das linhas existentes dentro dos cultos afro-brasileiros, suas influências não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também abrangem em larga escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica, o Espiritismo moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade e Correntes Orientais.
É importante lembrar que o sincretismo entre Exu e o Diabo existe, salvaguardando várias confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a Quimbanda é um culto satanista, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o_bem_e_o_mal em uma luta eterna confundindo a figura do Diabo com tudo de ruim sem lembrar que Ele já teve seu martírio e foi vencido por Deus que é Quem determina o espectro e a liberdade de suas ações desde o princípio dos tempos...


Assim como há as sete linhas que regem e organizam as forças existentes dentro da Umbanda, dentro da Quimbanda o mesmo acontece e processa, pois como se sabe, "tudo que há em cima, há em baixo."

1ª Linha - Linha Malei - Chefe - Exu Rei, é composta por 7 falanges, cada qual com seu chefe, e seus sete respectivos subordinados.

1 - Exu Rei das Sete Encruzilhadas

2 - Exu Marabô

3 - Exu Mangueira

4 - Exu Tranca Ruas das Almas

5 - Exu Tiriri

6 - Exu Veludo

7 - Exu dos Rios ou Campinas

Pomba Gira - Pomba Gira Rainha das Sete Encruzilhadas


2ª Linha - Linha das Almas - Chefe - Omulu, encontra-se nesta linha espíritos vulgarmente conhecidos como omulus.

1- Exu Mirim

2- Exu Pimenta

3- Exu 7 Montanhas

4- Exu Ganga

5- Exu Kaminaloá

6- Exu Malê

7- Exu Quirombô

Pomba Gira - Pomba Gira das Almas


3ª Linha - Linha do Cemitério ou dos Caveiras - Chefe - Exu Caveira

1- Exu Tatá Caveira

2- Exu Brasa

3- Exu Pemba

4- Exu do Lodo

5- Exu Carangola

6- Exu Arranca Toco

7- Exu Pagão

Pomba Gira - Pomba Gira Rainha dos Cemitérios


4ª Linha - Linha Nagô - Chefe - Exu Gererê

1 - Exu Quebra Galho

2- Exu 7 Cruzes

3- Exu Gira Mundo

4- Exu dos Cemitérios

5- Exu da Capa Preta

6- Exu Curador

7- Exu Ganga

Pomba Gira- Pomba Gira Maria Padilha


5ª Linha - Linha de Mossorubi - Chefe - Kaminaloá

1- Exu dos Ventos

2- Exu dos Morcego

3- Exu 7 Portas

4- Exu Tranca Tudo

5- Exu Marabá

6- Exu 7 Sombras

7- Exu Calunga

Pomba Gira - Pomba Gira Maria Molambo


6ª Linha - Linha dos Caboclos Quimbandeiros - Chefe - Exu Pantera Negra

1- Exu 7 Cachoeiras

2- Exu Tronqueira

3- Exu 7 Poeiras

4- Exu da Matas

5- Exu 7 Pedras

6- Exu do Cheiro

7- Exu Pedra Negra

Pomba Gira - Pomba Gira da Figueira


7ª Linha - Linha Mista - Chefe - Exu dos Rios ou Campinas.

Sendo esta Linha composta por Kiumbas, é esta apenas regida pelo Exu dos Rios ou Campinas, tendo como polo passivo da linha, Pomba Gira, ou seja todas as Pomba Giras.

UMBANDA ARTE DE CURAR
QUIMBANDA QUER DIZER O CURANDEIRO.
VAMOS OBSERVAR TAMBÉM AS VÁRIAS DEFINIÇÕES DE QUIMBANDA OU KIMBANDA.

QUIMBANDA TEM SUA FONTE DE ORIGEM NO QUIMBUNDO. QUE É UMA MISTURA DE DIALETOS AFRICANOS, CRIADO PELO GOVERNO PARA SER ENSINADO NAS ESCOLAS DAS COLÔNIAS PORTUGUESAS, AFIM DE QUE TODOS ANGOLENSES SE ENTENDESSEM ENTRE SI NAS REGIÕES TRIBAIS DE ANGOLA E MOÇAMBIQUE.

BASEADO NESTA ESTRUTURA VEJAMOS:

QUIM OU KIM, QUER DIZER EM LINGUAGEM AFRICANA, MÉDICO OU GRÃO-SACERDOTE DOS CULTOS BANTOS.

BANDA QUER DIZER LUGAR OU CIDADE.

RESUMINDO, CHEGAMOS À CONCLUSÃO DE QUE EM NOSSO IDIOMA, QUIMBANDEIRO QUER DIZER GRÃO-SACERDOTE DOS CULTOS BANTOS, VINDOS DE ANGOLA, MOÇAMBIQUE E BENGUELA.

QUIMBANDA = CURANDEIRO-ADIVINHO, NECROMANTE, EXORCISTA, MAGO. POR EXTENSÃO: MÉDICO, BENZEDEIRO. TODO AQUELE QUE BUSCA A ANUNCIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS FATOS, ATRAVÉS DOS MAIS VARIADOS PROCESSOS.
O QUIMBANDA TRATA AS ENFERMIDADES DIAGNOSTICADAS POR ADIVINHAÇÃO, DEBELA OS AZARES, RESTABELECE A HARMONIA CONJUGAL OU PROVOCA A INIMIZADE, CONCEDE PODERES PARA O DOMÍNIO DO AMOR OU PARA A ANULAÇÃO DE DEMANDAS.

BUSCA A CURA, NAS MATAS OU CAMPOS, CACHOEIRAS, MARES, ENFIM NOS ELEMENTOS DA NATUREZA, AONDE VAI EM BUSCA DE PLANTAS MEDICINAIS.

KIMBANDA = CURANDEIRO, MÁGICO. (DICIONÁRIO DE KIMBUNDU - PORTUGUESA COORDENADO POR J. D. CORDEIRO DA MATTA)

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